TEPT Perinatal: quando o parto deixa marcas além do corpo!

O parto, para muitas mulheres, é idealizado como um momento de transformação, conexão e força. Mas infelizmente, essa experiência também pode evoluir com eventos traumáticos para algumas mulheres.
As discussões e estudos em relação ao período perinatal têm se tornado cada vez mais frequentes, por ser um período desafiador na vida da mulher e também pelos diversos casos de violência obstétrica. A partir disso, surgiu o conceito de parto traumático, que se refere à vivência de uma mulher em interações e/ou eventos diretamente relacionados ao parto, que causaram emoções e reações extremamente angustiantes, resultando em impactos negativos de curto e/ou longo prazo na saúde e bem estar da mulher.
Eventos traumáticos na gestação, no parto ou no pós-parto podem deixar feridas profundas na saúde mental da mulher, bem como do seu parceiro, podendo desencadear o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) perinatal.
Alguns exemplos específicos de traumas relacionados à gravidez são: preocupações graves com o bem estar do bebê e/ou da mãe; sofrimento fetal, desacelerações patológicas da frequência cardíaca fetal, prolapso do cordão umbilical, parto prematuro, ruptura do útero, descolamento prematura de placenta, cesárea de emergência, partos com uso de vácuo ou fórceps, hemorragia pós-parto.
Os sintomas do TEPT perinatal podem incluir:

  • Reviver o trauma com frequência (como se estivesse acontecendo de novo);
  • Pesadelos e lembranças invasivas do parto;
  • Evitar situações que lembrem o parto;
  • Medo intenso de engravidar novamente;
  • Sentimento constante de culpa ou vergonha;
  • Dificuldade para se conectar com o bebê;
  • Irritabilidade, ansiedade e isolamento.

Esses sinais não são “frescura” nem exagero. São respostas legítimas de um corpo e de uma mente que viveram um momento extremamente estressante e, muitas vezes, negligenciado.

Você não está sozinha. E não precisa carregar isso sozinha. O seu bem-estar, a sua dor, o que você sentiu (ou ainda sente) é real e merece cuidado.

A boa notícia é que é possível tratar o TEPT perinatal. Com acolhimento, escuta qualificada e tratamento especializado — como a psicoterapia e o acompanhamento psiquiátrico é possível reconstruir sua relação com o próprio corpo, com a maternidade e com o seu eu.

Se você passou por uma experiência traumática no parto ou conhece alguém que tenha vivido isso, saiba: você merece ser cuidada com respeito, empatia e responsabilidade.

O caminho da cura começa quando você se permite ser acolhida.

Fontes:
Leinweber J, et al. Birth. 2022 Dec 11; 49(4): 687-96.
Horsh A, et al. Am J Obstet Gynecol. 2024 Mar; 230(3):S1116-27.

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